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Boate Kiss: as fortes marcas nos jornalistas que acompanharam a tragédia

26/1/2018

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Há cinco anos, no dia 27 de janeiro, relembramos a tragédia que aconteceu na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Foram 242 mortos, centenas de famílias arrasadas com a perda de amigos e entes queridos, dias intensos de reconhecimento de corpos, velórios, enterros e muita, muita dor. O sentimento é unânime, mesmo para quem não estava lá e não viu de perto as cenas de sofrimento: compaixão. O mundo inteiro soube do que aconteceu na pequena cidade do Sul do Brasil através dos olhos da imprensa. Olhos cuidadosos, que buscaram mostrar da forma mais humana possível tudo o que acontecia ali, tão de perto para cada um deles.

Por trás das câmeras, dos microfones e dos computadores não está apenas um jornalista. É um ser humano, uma pessoa de carne e osso, um coração pulsante. São os olhos e as palavras de quem tem a responsabilidade de contar o que está vendo de uma forma verdadeira. De tentar trazer o sentimento para cada linha, de transformar em matéria jornalística um acontecimento tão chocante. E esta é talvez uma das tarefas mais difíceis da profissão: estar firme para relatar aquilo que mexe com todos.

Ainda lemos e ouvimos histórias das famílias, de como estão lidando com a perda anos depois. Também nos informamos sobre como está a parte burocrática da tragédia, o que estão fazendo para conseguir justiça. Mas e os jornalistas que estavam lá? Aqueles que chegaram no momento de toda a tensão e viveram junto a agonia de não poder fazer nada para voltar no tempo e evitar tantas mortes?

Nós fomos atrás deles, para ouvir como foi contar uma história tão triste, que envolvia tantos sentimentos empilhados. Histórias que faziam engasgar ou nem mesmo segurar o choro em um programa ao vivo.

Há cinco anos, Ananda Müller era repórter da – então recentemente aberta – Rádio Gaúcha em Santa Maria. À meia-noite ela encerrou a transmissão da escolha da rainha do carnaval no mesmo centro desportivo onde, horas depois, seriam depositadas centenas de corpos. Ananda foi a primeira a chegar ao local da tragédia e entrou ao vivo para toda a rede da emissora às 5h, enquanto todos ainda tentavam entender o que estava acontecendo. E dali para a frente as notícias seriam cada vez piores. Ela fala de um dos momentos mais críticos da cobertura e do impacto daquele episódio em sua vida e sua carreira.
​

Nilson Vargas é editor-chefe do jornal Zero Hora e estava visitando a família em Santa Maria. Naquela madrugada, recebeu a ligação de um colega da redação, comentando de um incêndio. Desligou o telefone, abriu a janela do quarto e viu muita fumaça no céu. Foi a pé até a boate, mas não tinha ideia da dimensão do que estava presenciando. 

Luiz Norberto Roese morou 10 anos em Santa Maria. Na época da tragédia, trabalhava em um jornal local e morava perto da boate Kiss. Chegou no local com a certeza de que seria apenas mais uma cobertura de algum acidente, com, no máximo meia dúzia de vítimas. Só acreditou no que estava vivendo quando viu a foto no celular de um dos bombeiros que trabalhava no resgate: centenas de corpos empilhados nos banheiros da boate.
Lauro Alves é fotógrafo do jornal Zero Hora e na véspera da tragédia havia feito algo bem parecido com as vítimas: encontrou amigos e foi a um bar, mas em Porto Alegre. Ele foi a primeira pessoa lembrada pelos colegas de redação naquele dia porque, nascido em Santiago, com cinco anos mudou-se com a família para Santa Maria. No entanto, o sono embalado pelo cansaço da empreitada noturna impediu que Lauro atendesse uma das primeiras 70 chamadas. Só depois de muita insistência a ligação foi completada e a notícia, segundo ele, foi como arrancar o sono de seu corpo com a mão. Àquela altura, mal sabia o fotógrafo que chamadas não atendidas seriam também a lembrança mais marcante do momento em que chegou ao Centro Desportivo Municipal de Santa Maria: centenas de telefones tocavam em vão junto aos corpos, enquanto pais esperançosos esperavam ouvir a voz dos filhos. Entre tantas imagens de tristeza, Lauro foi o autor da foto mais emblemática da dor daqueles que lamentam até hoje a perda – o retrato seria a capa do jornal Zero Hora no dia seguinte.
Imagem

Marilice Daronco é de Santa Maria e foi direto para o Centro Desportivo Municipal, o Farrezão. Descobriu, mais tarde, que absolutamente todas as pessoas com quem conversou tinham perdido pelo menos um familiar. Viu nos olhos de um pai a tristeza tomando conta ao receber a notícia, e presenciou a cena de um jovem contando esperançoso que havia conseguido levar a irmã a tempo para o hospital para, minutos depois, cair de joelhos e ouvir no telefone que ela não resistiu.


O assessor de comunicação do Hospital de Caridade Doutor Astrogildo de Azevedo, de Santa Maria, Claudemir Pereira, lembra de ter sido avisado às 4 e meia da madrugada e logo correr para o local. Apesar de guardar muitas memórias daquele dia, algumas lembranças ficaram perdidas no tempo, e ele não faz questão de se reencontrar com elas. Claudemir conversou com nossa equipe e falou sobre o contato com os colegas da imprensa e a árdua tarefa de ler a lista de internados diante dos jornalistas e dos familiares das vítimas.

​O olhar do jornalista é ao mesmo tempo técnico e humano. Passados cinco anos, e por quantos mais for necessário, cabe à imprensa a tarefa de não deixar que as 242 vidas tenham sido perdidas em vão.
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