Para difundir a ideia da verificação de notícias, o Filtro Fact-checking organizou a primeira Maratona de Checagem, na noite da última quinta-feira. O evento contou com apoio da Padrinho, que abriu as portas de casa pra receber a atividade. Participaram jornalistas de diferentes instituições de ensino, veículos de comunicação e órgãos públicos. Aproveitando o tema das eleições, quando o trabalho de checagem se intensifica, eles foram convidados a verificar – com o apoio dos integrantes do Filtro, Taís Seibt, Naira Hofmeister e Tiago Lobo – uma série de afirmações proferidas por um pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul nas eleições deste ano. ![]() Após o exercício foram apresentados os resultados das pesquisas e cada trecho da declaração foi etiquetado como verdadeiro, sem contexto, contraditório, discutível, exagerado, distorcido, impossível provar ou falso. Para finalizar, um bate-papo sobre a experiência. Chamou a atenção dos participantes a dificuldade para encontrar provas definitivas sobre algumas informações – inclusive as que pareciam mais simples. Por isso é fundamental o trabalho de checagem. Afinal, muitas vezes nem mesmo os candidatos e as figuras públicas têm segurança sobre as informações lançadas. Durante o período de campanhas e debates eleitorais devem ocorrer as legítimas maratonas de checagem, pois a quantidade e a velocidade das informações decolam. Cabe ao cidadão estar atento ao trabalho das agências para decidir o voto com base nas informações verdadeiras. Sobre o Filtro Iniciativa de checagens da ONG Pensamento.org para verificação de fatos, dados e declarações públicas com foco no Rio Grande do Sul, com o objetivo de desconstruir informações enganosas. O grupo formado pelos jornalistas Taís Seibt, Naira Hofmeister e Tiago Lobo acompanha discursos, entrevistas, programas eleitorais, perfis públicos dos candidatos gaúchos e verifica se o que eles dizem têm fundamento em dados confiáveis e fatos comprováveis, seguindo o código de princípios da International Fact-checking Network.
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Parafraseando nosso amigo Carlos Wagner, veterano na lida reportera, o caso da pegadinha do diário Marca sobre Cristiano Ronaldo deixa uma boa lição para nós, repórteres e produtores de conteúdo.
O jornal brincou de fake news ao permitir a um youtuber espanhol publicar, na conta oficial do Marca no Twitter, que o craque português não jogaria contra o PSG. Horas mas tarde, Cristiano não só atuou como fez um dos gols da classificação do Real Madrid. Por se tratar de CR7 e vir da conta oficial de um jornal bastante conhecido, o tuíte do Marca imediatamente repercutiu mundo afora - literalmente. Diversos veículos de imprensa noticiaram a baixa para um jogo decisivo na Champions League por confiarem no mensageiro, como se isso fosse o suficiente. A ESPN argentina, por exemplo, simplesmente apagou a matéria após descobrir que era pegadinha. E os equatorianos do Ecuagol não só mantiveram a notícia como não a corrigiram. Quem conhece o mínimo de jornalismo profissional sabe que é preciso desconfiar, acima de tudo. Se fica complicado ligar para o outro lado do oceano e confirmar a notícia com o Real Madrid, que tal conferir se mais gente deu a mesma informação? Com outros detalhes? Ouvindo o clube ou o jogador? São princípios básicos que se aplicam a qualquer bom jornalista e, desde não muito tempo atrás, aos produtores de conteúdo fora do mainstream. A alteração radical pela qual (ainda) passa o mercado da comunicação pode encontrar um resumo rápido na decadência dos veículos tradicionais e na migração dos jornalistas para outras mídias e plataformas, especialmente as digitais. E aí está o ponto: se a difusão da informação deixou de ser monopólio do trio rádio, jornal e TV, quem agora entrou no bolo precisa jogar conforme as boas regras. E nelas estão as premissas do jornalismo profissional, que apura e confirma, nem que seja preciso dar a notícia depois da concorrência. De nada adianta criticar as fake news, portanto, se os produtores de conteúdo não entregarem informações - seja nas redes sociais, blogs, reportagens ou até mesmo em anúncios - sem o mínimo de precisão. Como bem disse a jornalista Taís Seibt neste artigo, “há diferença entre notícia falsa, notícia desagradável e notícia mal-escrita”. E se quem escreve não for jornalista, que busque o mínimo de qualificação ou procure ajuda especializada. De boas intenções o mundo está cheio. De cuidados com a qualidade da informação, nem tanto. |
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Novembro 2022
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