Por Carlos Guilherme Ferreira - Redação Padrinho
O jogador mais caro da história faz a primeira declaração após trocar de time não na sede do antigo, nem do novo, muito menos em rádio, jornal ou TV, mas na própria página de Facebook, em um vídeo para seus quase 60 milhões de seguidores. Neymar, novo craque de 222 milhões de euros do PSG, não precisa (mais) de dinheiro ou de imprensa. Por que dar uma coletiva e esperar para ver o que os veículos irão publicar se é possível construir o próprio discurso, na linguagem mais conveniente, em contato direto com um público cativo? Se o ex-atacante do Barcelona conta com quase 60 milhões de likes apenas em uma rede social, fica claro que essas pessoas têm interesse em segui-lo - logo, provavelmente darão valor a um vídeo de despedida, narrado pelo próprio Neymar. Até o fechamento deste texto, duas horas e meia após a postagem, contavam-se 6,8 milhões de visualizações no Facebook e 155 mil compartilhamentos. Nada mal. Pois o raciocínio reforça um movimento já consolidado, porém ainda com resistências - o da migração do público dos meios de comunicação tradicionais para os prioritariamente digitais, e independentes. E as maiores amarras sequer são do público consumidor de informação, mas de parte dos veículos de imprensa e de seus profissionais, ainda incapazes de entender os novos tempos - ou simplesmente sem condições (escolha da lista: técnicas, financeiras, estruturais) para enfrentá-los. A escolha de Neymar suscita, no mínimo, questões sobre a validade da assessoria de imprensa no formato tradicional, do release-e-telefone (aqui, uma licença poética a partir do consagrado carta-e-domingo do ex-técnico Muricy Ramalho). Muito melhor se for assessoria em comunicação, com um leque aberto entre os meios digitais, inclusive redes sociais, e imprensa tradicional - e não se faça terra arrasada do trabalho dos jornalistas, especialmente em tempos de fake news e necessidade de fact-checking, justamente na internet. Ou alguém acha, de verdade, que o próprio Neymar escreveu a declaração do vídeo? Ou que ele mesmo editou as imagens no celular? E fez as legendas em inglês? Neymar conta com uma estrutura de comunicação, e a escolha das redes sociais para as primeiras palavras, após semanas de silêncio em meio a especulações, muito provavelmente partiu de algum assessor. Na semana da final da Liga dos Campeões da Uefa, o lateral Daniel Alves, da Juventus, contou sua história de vida em um texto emocionante, em formato de depoimento. Falou tudo a um terceiro e acertou a mão no assessoramento: viu a postagem feita em um site viralizar. Fica a lição bem clara: na hora mais importante, a da verdade, com a torcida do Barcelona furiosa e o mundo à espera de aspas sobre o fim do trio MSN, o craque optou por falar direto para o seu público, em seu canal, à sua maneira, sem depender de terceiros. E irá pautar a praticamente todos, ao menos neste momento, apenas com as próprias palavras. Neymar não será o primeiro nem o último a optar por esse caminho. Cabe a ele e aos outros aprender a fazê-lo sem errar de rota, e a quem antes detinha a exclusividade da comunicação entender os novos tempos e se adaptar a eles. Existe vida pós internet, disso não há dúvida. PS 1 : título com até 60 caracteres, uma ou outra pitada de SEO (Neymar no PSG, 222 milhões de euros, trio MSN, sem filtro)... sim, trabalhamos. PS2: este texto nasceu de um micropost de Facebook, a partir da provocação da minha sócia na Padrinho Agência de Conteúdo. PS3 e PS4: estes são só para o SEO e porque eu jogo no Playstation. Ninguém é de ferro, né? =p
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Novembro 2022
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